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31 de jan. de 2014

PROSTITUIÇÃO SAGRADA NO TEMPLO DE VÊNUS


                                  Prostituição Sagrada (Hierà Porneía)

As hieródulas  eram servas sagradas, oficiantes religiosas nos templos da Deusa do Amor, cujas funções incluíam ritos sexuais, mediante pagamento, em honra à deusa, que lhes retribuía com fertilidade e prosperidade, embora o dinheiro fosse mantido no templo.

 A palavra deriva da raiz grega hieros, que significa sagrado ou santo, e essa palavra, por sua vez, relaciona-se a uma forma anterior, eis, para "palavras denotando paixão."

Era preciso que cada mulher do país, pelo menos uma vez em sua vida (antes do casamento) ou anualmente, se unisse sexualmente a um estrangeiro no templo de Vênus. Dava-se a quantia desejada e a mulher não tinha o direito de recusar o homem, pela sacralidade do dinheiro.


 Tratava-se de um gesto honroso e respeitoso, que agradava tanto ao divino quanto ao

humano, de modo que a prática da prostituição sagrada não separava sexualidade e espiritualidade.
Assim o fervor erótico e o desejo sexual, inerentes à natureza humana, eram vivenciados
como bênçãos divinas, de tal forma que atitude religiosa e união sexual eram inseparáveis.
Acreditava-se que as Prostitutas Sagradas eram esposas de deuses e agraciadas por eles,
e por assim ser, eram consideradas pessoas especiais que podiam interpretar a vontade do deus, conceder suas bênçãos e fazer pedidos a eles pelos outros.
Quando a Deusa encarnava na Prostituta Sagrada, ela transmitia o prazer sexual divino, e por assim o ser, absoluto, capaz de transformar em arte de amar os rudes instintos animalescos do estranho. 
Nessa união da Prostitua Sagrada com o estranho efetivava-se a junção do espiritual com o físico e transcendia-se o pessoal para se penetrar no ser divino.
 As emoções humanas e as energias corporais criativas uniam-se com o suprapessoal.
Assim, o estranho tocava as forças regenerativas básicas porque acreditava que a deusa estava encarnada naquela mulher, carnal através do qual se uniam forças ctônicas e espirituais que garantiam a continuidade da vida e do amor. Por isto a Prostituta Sagrada oferecia uma profunda sensação de bem-estar, talvez a que não fosse sentida fora dos recintos sagrados.


O matriarcado se relacionava com a autoridade cultural, em oposição ao poder político 
enfatizado pelo patriarcado.

Em matriarcados antigos, natureza e fertilidade consistiam
no âmago da existência. 
As pessoas viviam próximas à natureza, muito embora seus deuses e deusas fossem 
divindades da natureza. Suas divindades comandavam o 
destino, proporcionando ou negando abundância à terra.
A paixão erótica era inerente à natureza humana do 
indivíduo. 
Desejo e resposta sexual, vivenciados como poder 
regenerativo, eram reconhecidos como dádiva ou benção do divino. A natureza sexual do homem e da mulher
e sua atitude religiosa eram inseparáveis. 
Em seus louvores de agradecimento, ou em suas suplicas, 
eles ofereciam o ato sexual à deusa, reverenciada pelo amore pela paixão. Tratava-se de ato honroso e respeitoso, que 
agradava tanto ao divino quanto ao mortal. 
A prática da prostituição sagrada surgiu dentro desse 
sistema religioso matriarcal e, por conseguinte não fez 
separação entre sexualidade e espiritualidade.

Existem outras especulações sobre as origens da 
prostituição sagrada. 
Talvez ela tenha se desenvolvido, como ocorre com muitos 
costumes, a partir de simples necessidade. Eram mulheres que desempenhavam tarefas servis nos locais sagrados e, 
com o tempo, como foram associadas a coisas sagradas, 
adquiriram certa santidade.
Sendo solteiras, tais mulheres eram procuradas por
homens; conseqüentemente, seus poderes religiosos cresceram. 
Considerava-se que elas mantinham relacionamentos 
íntimos com os deuses - freqüentemente uma dessas mulheres era tida como esposa de divindade masculina. 
E assim ela era dotada do poder de interpretar sua vontade, ou de conceder bênção ou fazer imprecação.


Outra hipótese a respeito da institucionalização da
prostituição sagrada deriva de rito civil.
 Nas primeiras tribos primitivas, uma jovem era oferecida a 
membro designado da tribo, alguém diferente do homem 
com quem ela poderia vir a se casar, para a cerimônia de 
defloração. Era rito da iniciação como membro da tribo.
À medida que a tribo evoluiu culturalmente, tal ato passou a ser oferecido ao deus tribal com a intenção de serem obtidos favores divinos. Vestígio deste rito ainda era evidente na
 Europa medieval no assim chamado jus primae noctis
 (ou droit de seigneur), o direito do senhor feudal à primeira noite com a noiva. Ele poderia renunciar a esse direito 
mediante remuneração, ou então insistir no direito à 
defloração. Mas em ambos os casos a noiva tinha que se 
apresentar ao senhor feudal antes de se unir ao seu marido.

Outros escritores explicam as origens da prostituição 
sagrada como evolução do culto à Grande Mãe, ou Mãe 
Terra. Ela era a deusa de toda a fertilidade, e a sua benção
favorecia a reprodução de colheitas, de crianças e da vida 
animal para as primeiras culturas agrárias.
Relacionado à deusa da fertilidade, embora em posição 
subordinada, estava o marido-filho-amante. Supunha-se quecomo tal união entre a deusa e o seu consorte garantia 
fertilidade a terra, ela deveria ser imitada pelas mulheres que desejavam a sua benção.


Independentemente de virem ao templo do amor por determinação da lei, por dedicação ou por servidão, por sua origem real ou comum, por uma noite ou por toda a vida, sabemos que as prostitutas sagradas eram muito numerosas.
Nos templos de Afrodite em Erix e Corinto havia mais de mil.Elas gozavam de status social e eram cultas. 
Em alguns casos, permaneciam política e legalmente iguais aos homens.


Havia prostitutos sagrados homens, chamados de qadhesh, sacerdotes efeminados que se vestiam com roupas
femininas e preenchiam a função feminina.